A gente vai continuar... idiota!

Publicado por O Perfeito Idiota às 17:08

terça-feira, 31 de julho de 2007

Encosta-te a mim, nós já vivemos cem mil anos
encosta-te a mim, talvez eu esteja a exagerar
encosta-te a mim, dá cabo dos teus desenganos
não queiras ver quem eu não sou, deixa-me chegar.
Chegado da guerra, fiz tudo p´ra sobreviver
em nome da terra, no fundo p´ra te merecer
recebe-me bem, não desencantes os meus passos
faz de mim o teu herói, não quero adormecer.
Tudo o que eu vi, estou a partilhar contigo
o que não vivi, hei-de inventar contigo
sei que não sei, às vezes entender o teu olhar
mas quero-te bem, encosta-te a mim.
Encosta-te a mim, desatinamos tantas vezes
vizinha de mim, deixa ser meu o teu quintal
recebe esta pomba que não está armadilhada
foi comprada, foi roubada, seja como for.
Eu venho do nada porque arrasei o que não quis
em nome da estrada onde só quero ser feliz
enrosca-te a mim, vai desarmar a flor queimada
vai beijar o homem-bomba, quero adormecer.
Tudo o que eu vi, estou a partilhar contigo
o que não vivi, um dia hei-de inventar contigo
sei que não sei, às vezes entender o teu olhar
mas quero-te bem, encosta-te a mim.


Jorge Palma

A beleza só existe quando da virtude e da verdade tudo sabe.

Publicado por O Perfeito Idiota às 18:15

sábado, 28 de julho de 2007


Hoje já aqui não viria se não fosse o caso matéria importante. Mais se informa, que esta reveste-se da maior relevância para o presente da sociedade, praticamente assolapada pela idiotia amiúde. Depois de uma noite grosseiramente mal dormida, torna-se inevitável juntar letras e palavras em forma de frases sobre a matéria mais idiota de todos os tempos: o amor. Mas, inevitável porquê?

Porque não há nada mais expurgado de inteligência no mundo, especialmente hoje em dia, do que amar. Amar sendo um idiota e/ou amar sendo transformado num idiota são as duas faces de um quotidiano fermentado numa assombrosa intolerância à frustração. Esta abnegação cândida pelo prazer imediato e livre de frustrações, contratempos ou contrapartidas é uma forma de expressar o amor como forma expurgada de entender uma relação com o outro (entenda-se: pessoa amada), ao ponto de valorizar, facilitar e utilizar, vezes sem conta, o seu carácter desvinculativo.

Ponha o braço no ar, quem nunca ouviu isto:
- "olá... hoje acordei diferente... não sei bem o que tenho mas sinto-me uma confusão em relação a ti e a nós... Preciso de tempo, sabes... quero tempo e espaço para reflectir... contigo ao meu lado isso não é possível porque tu sufocas e atrapalhas a minha liberdade, o meu tempo... o tempo com os amigos, com a família, comigo mesmo... Tu és impecável e o sexo até é bom... mas... não! Não vale a pena continuar algo sem sentido e que está condenado ao fracasso..."

Confuso..? Vejamos: o vínculo emocional com o outro já não é capaz de receber e alimentar o amor mútuo e de fornecer as estimulações sensoriais e psicológicas necessárias para o manter e motivar. Hoje em dia, o vínculo reduz-se a um libidinoso espectro físico de atração, apetite e satisfação. Mais, possui o inverosímil poder de complacência a uma situação canibalesca e por demais idiota. É neste território pantanoso, entre a verdade dos sonhos e ambições de cada um, e a impossibilidade de compreender o outro na realidade, que se adia o amor e que se constrói a intolerância à frustração.

O amor apresenta-se como um enigma sem chave de resolução na última página, porque nos faz conviver com a idiotia, a desculpa fácil e a mentira, para chegar à verdade, na qual as convicções giram numa autêntica dança kusturinesca e os valores e as razões de cada um esbarram no outro, sem que ninguém se faça ouvir. Esta destruição do amor, revela-se diariamente tanto naqueles idiotas que amam como naqueles que, em nome do medo da solidão, querem ser amados:

«Angola, Novembro de 1995
Ana,
Nunca pensei que as tuas palavras me fizessem tanta falta… Já nem o vento as traz… De que cor são as flores a que cheira o teu cabelo? De que tecido é a fita com que o prendes que já não o sinto bater-me no rosto quando o vento o embala, ao som da sua música? Quantas folhas tem agora o bonsai que com tanto carinho tens, pousado na janela do quarto onde tantas vezes dormimos juntos?
Ana… sinto a tua falta… porque não vens para junto de mim?
Daquele que te ama,

Mário»
(http://pensandoemti.blog.com/atom/)

E é por isto que, com pequenas alterações nas personagens e no enredo, a idiota lengalenga do amor é conhecida. Dada a sua crescente vulgaridade, é escusado comentar ocorrências do género: basta inventariá-las. Talvez o actual estado do amor signifique que inúmeros cidadãos já iniciaram o seu inventário expurgado de inteligência. Talvez... Belisquem-me se eu estiver a sonhar. Não quero parecer antiquado, porque o não sou, mas a esperança, mesmo que torturada no horizonte pelo fracasso, é ainda o que move alguns heróis, embora com alguma resistência da matilha expurgada de inteligência, é certo.

Boa? Boa.

O dom da Idiotia.

Publicado por O Perfeito Idiota às 09:36

terça-feira, 24 de julho de 2007

Hoje vamos reflectir sobre um problema macro da sociedade: o dom da idiotia. O dom da idiotia tem muito que se lhe diga. Ui, se tem! É aflitivo ver uma pessoa expurgada de inteligência a falar em público minutos a fio sem um tropeção, sem um silêncio, sem um qualquer sinal de hesitação. O principal problema da idiotia é este e exige ser pago no mesmo formato, dado que um idiota o que mais quer é ter um público tecnicamente capaz para lhe proporcionar o próximo momento expurgado de inteligência. Esta é a razão porque os idiotas não se calam e não dão conta do estrago que provocam.

Se, porventura, já conviveram com uma pessoa idiota conhecem tão bem quanto eu, o que custa suportar a aridez insuportável das suas conversas. E, quando embalado, lá vai ele outra vez cair no campo da idiotia, sem se engasgar e com um sorrisinho estampado no rosto.

Torna-se imperioso desmascarar cada idiota que conhecemos! Em verdade vos digo que existem muitas maneiras de levar um idiota à auto-penalização, à desistência, à ostracização e, se tal for preciso, à loucura. Mas não partam sempre do princípio errado de que estão qualificados para esta tarefa porque, a páginas tantas, pode sentir-se uma vontade desiquilibrante de rendição. Isto, sim, é um desastre catastrófico porque em vez de um ficamos com dois idiotas.
Por isso, o desprezo com bom-senso é a melhor arma contra a Idiotia (não se confunda com falta de respeito!). E não é que funciona sempre!

Boa? Boa.

Hey pá... foda-se!

Publicado por O Perfeito Idiota às 09:59

segunda-feira, 16 de julho de 2007


(...)
Quem me dera ver agora um sorriso,
porque lágrimas eu agora já não preciso
nem economizo todas as minhas tristezas,
caga na represália, porque as mágoas já tão presas
conspirações, manipulações sem perdões,
tanta coisa que acontece e causa transformações
surge a mudança, a pessoa nova,
pessoa nova uma ova, porque esta pessoa vai
comigo para a cova,
que a tua alma pega em ti e dá-te uma sova,
porque ela não te aprova
eu sou a prova, já sou como sou há muitos anos,
o ego é o maior causador dos nossos danos
nós somos humanos, castigámos e inventamos,
e perdemos mais do que aquilo que damos


Sam The Kid - Lágrimas

Sam The Kid