Living is a losing game

Publicado por O Perfeito Idiota às 16:42

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009





Eu gostava de alterar muito este mundo. Alterar para melhor. Mas, não basto. Desenrasco. Desemerdo, sem intuito de acrescentar ambições ou confusões novas à minha vida.


Sou fiel à vida, não desisto e acredito no viver. Não acredito é nesta tipologia de viver, porque é triste e resignada à realização dos sonhos gulosos dos outros, enquanto os nossos ficam em suspenso numa atmosfera de infelicidade e frustração. Aos trinta anos, apresento um olhar desvirginado em desencanto no qual a aurora desperta, por vezes, uma original vontade de fugir, de correr, de ser, de transgredir, de insubordinar-me através dum agir revolucionário.


Já não há heróis. Nem Super-heróis. Autómatos, apenas.


Pertenço a uma geração de portugueses outrora rasca, mas, cada vez mais enrascada. Não possuímos a coragem de pensar, de falar, de mostrar as assoalhadas descoradas em que vivemos. Somos a geração dos doutores deslumbrados, eternos insatisfeitos e deprimidos, trancados na solidão dos condomínios privados pelos portões e janelas duma hipoteca com um spa de cinquenta anos.


Pertenço a uma geração de portugueses outrora sonhadora, mas, cada vez mais endividada. Não dizemos com vontade basta à ganância dos spreads dos sonhos dos outros, à corrupção activa ou passiva, de forma tentada ou de forma consumada, à cunha do amigo conhecido do familiar afastado - BASTA! Somos a geração dos doutores globalizados, viajados e em crise mundial, desempregados ou empregados a prazo num contrato de 500 euros a recibos verdes, que afinal se transformaram em azuis após tanta lágrima derramada sobre os livros duma faculdade, que para pouco serviu.


A vida deixou de procurar o sentido - o Ser, ambicionando apenas a posse - o Ter. É na medida do possível, mediana, abafadora de emoções, alimento banal consumido por conjunturas off-shore, criadas e mediadas por gente sem rosto. Vivemos mal uma vida precária, venal e [muito] frágil, na qual a realidade ultrapassa há muito a ficção. Questiono-me se será possível realmente mudar este legado? Será que podemos querer ser felizes? O que nos impede, afinal?

1 comentários:

Mrs Umbigo disse...

Gosto mesmo de te ler!
A forma inteligente com que deixas flui o teu pensamento, a tua linda escrita!
Gosto!
A respeito do dia de hoje... PARABÉNS "avôzinho"!!!