Can you give me one good reason why you make me work so hard?

Sou só eu que julgo que a vida tem-se movido a uma velocidade diferente? Alguém que reduza o trote da coisa se faz favor. Já nem recordo convenientemente o meu dia de aniversário. E foi o mês passado. Muito desconfio que o tempo tenha adquirido um automóvel novo, daqueles especiais de corrida, aproveitando o incentivo do estado para o abate de automóveis antigos.
Ainda há tempos andava eu a pensar em coisas e cenas em pilha competitiva, salteadas com uma pitada de hormonas adolescentes, e agora, sem dar caso, estou quase a entrar perdidamente pela soleira dos trinta. O primeiro beijo, os amigos, a dúvida do porquê, os sonhos, a ingenuidade, o devir acelerado das noitadas e toda e qualquer reminiscência do tempo de mancebia estão arrumados na arrecadação do esquecimento. É a vez da conversa mole ao fim de tarde na esplanada, da obrigação, dos amigos, da responsabilidade, das estradas com portagens, da auto-determinação e da viagem, num instinto de movimento que estimula a vontade de nunca parar.
De qualquer das formas, já por cá ocorreram 58 solstícios. Ainda há muitos mais para ver, eu sei. Queria sentir-me mais seguro e mais certo do que ando a fazer e do que está para vir. Mas acho que isso nunca vai realmente acontecer.

Boa? Boa.